O Outono e o Metal


O Outono e o Metal. No Outono as folhas secam e caem, os últimos frutos são colhidos, as castanhas e sementes vão para os celeiros garantir as refeições do Inverno; muitas ficarão na terra, esperando a Primavera para brotar de novo. Neste sector a energia vital é descendente, pesada. O ciclo que mostra crescimento na Primavera e exuberância no Verão revela agora a maturidade e encaminha-se para o fim.

É o momento do crepúsculo, quando o sol se põe e a vida diurna se recolhe.

Metal, em nós, representa a eterna colheita. A função dos pulmões e do intestino grosso é assimilar o essencial e descartar o inútil. Sem ar não podemos viver, e sem esvaziar o intestino também não. Essas atividades dão ordem e ritmo a todas as outras. Harmonizando as tensões e nos deixando brilhantes como cristais.

Na visão simbólica chinesa, os pulmões cuidam do tesouro sem o qual o coração não reina e a estratégia do fígado não é executada.

Tudo o que consideramos precioso em termos materiais é Metal: ouro, ferro, cobre, chumbo, diamantes, urânio, quartzo, petróleo. Agentes de riqueza e poder, componentes de todo o tipo de indústria leve ou pesada: Metal.

O Metal refaz-se facilmente em contacto com as montanhas, as pedras de onde brota água, as cascatas, as grutas… É comum encontrar colecionadores de pedras, cristais ou rochas, e pessoas que precisam usar uma jóia para se sentirem bem.

Aquelas folhas que nasceram na Primavera e atingiram o auge no Verão caem, as árvores ficam nuas.

O impulso criativo está longe, o período de plenitude passou. Agora é a colheita, o armazenamento, e a capacidade de realização do ser humano exprime-se no sentido da tranquilidade, da paz, serena certeza de que somente aceitando as perdas haverá renovação.

 

Os conselhos do Livro do Imperador Amarelo: “As pessoas devem deitar-se cedo e levantar-se cedo, com o cantar do galo. Devem ter o espírito em paz, a fim de minimizarem a punição do Outono. Alma e espírito devem unir-se para que a exalação do Outono seja tranquila, e para conservarem os seus pulmões puros as pessoas não devem dar expansão aos seus desejos”.

O sabor picante já está no ar, o que sugere reduzir o picante, aumentar o ácido para proteger a Madeira, aumentar o amargo para temperar o Metal e nutrir a Terra, e comer um pouquinho de alimentos frescos, preparando o corpo para o Inverno que virá.

Cuidado para não abusar do sabor picante, o sabor do Metal, em forma de temperos fortes, que se vão reflectir no fígado e em todas as suas ressonâncias, tais como o humor, os músculos e as articulações, já que o Metal corta Madeira. Certamente a natureza mais pesada de Metal faz procurar a leveza complementar; muitas pessoas bebem para estimular a expansividade e a imaginação (Madeira). Olhando em detalhe, esse excesso pode prejudicar gravemente os rins, que são nutridos por Metal, facilitando então a entrada de pensamentos obsessivos vindos de Terra em desequilíbrio (porque no corpo álcool é igual a açúcar), e afectar todo o sistema de Fogo, pela via perversa Metal – Fogo.

Metal precisa de raízes como cenoura, nabo, rábano, dos sabores picantes dos temperos e do alho, da cebola, do gengibre fresco, aipo, em pequenas quantidades, e dos caldos temperados com miso para limpar os pulmões e beneficiar a flora intestinal; chá verde é bom para harmonizar o intestino. O seu cereal, o arroz, de preferência integral, porque tem fibras que ajudam a limpar os intestinos. Quase não gosta de açúcar, laticínios, pimentas e farinhas (massas, biscoitos, pães, bolos). O seu adoçante é o mel de abelhas, que é doce e picante, ajuda a fluidificar o muco das vias respiratórias e a descarregar os intestinos; pode ser usado com iogurte – ambos em pequena quantidade – em benefício de Metal, Terra e Madeira.

E, por favor, lembrem-se de beber água, sim?

Metal é seco.

Feliz Lua Cheia, feliz Outono!

 

Autor: Juvenal Branco, ESMTC