A ansiedade e a preocupação


A preocupação excessiva e os pensamentos obsessivos são as principais características da ansiedade que a longo prazo vão atingir o baço-pâncreas, o pulmão, o coração e o fígado, provocando uma desarmonia e um esgotamento das suas energias.

O que é a ansiedade e a preocupação

Estado constante de inquietação que ocorre por vazio de Qi e sangue, estagnação do Qi do fígado, esgotamento do Qi do pulmão na sequência de excesso de actividade mental/pensamentos, tristeza, doença e emoções fortes.

Quais as causas da ansiedade

Várias causas são possíveis, isoladamente ou em combinação, nomeadamente:

quando a energia do baço-pâncreas é lesada devido ao excesso de pensamentos, o sangue e o Qi tornam-se deficientes. Se o coração é igualmente lesado devido à excessiva preocupação e o sangue e o Qi se encontram em vazio, então, o coração torna-se incapaz de conter o espírito, tornando-o inquieto e resultando num diagnóstico de vazio de Qi do baço-pâncreas e coração;
uma grande tristeza ou doença podem esgotar o Qi do pulmão, provocando a ansiedade, visto esta ser uma das emoções ligadas a este órgão, culminando num vazio de Qi do pulmão;
emoções fortes podem resultar em estagnação da energia do fígado, que ao invadir o órgão do baço-pâncreas, o esgota, deixando-o num estado de deficiência. As funções do fígado e do baço tornam-se deficientes devido à estagnação de Qi, enquanto que a preocupação e a ansiedade crescem – a preocupação é a emoção ligada ao órgão baço-pâncreas, logo é natural que esta aumente, quando este é agredido.

Quais os sintomas

O paciente apresenta um número relevante de sintomas de um ou mais dos seguintes grupos:

  • vazio de Qi do coração e baço-pâncreas: pensamentos obsessivos, ansiedade e preocupação excessivas, voz baixa, respiração curta, lentidão de espírito e falta de iniciativa, distenção e plenitude epigástrica, apetite fraco (alterações de apetite), sono pobre, palpitações, insónia, pré-cordialgias, patologia cardiovascular, alterações de memória, dilatação abdominal, estado maníaco-depressivo, fezes moles, hemorragia, mucosidades, vertigens e suor espontâneo;
  • vazio de Qi do pulmão: preocupação e ansiedade, melancolia, sentimentalismo, opressão no peito, falta de iniciativa, respiração curta, suor expontâneo, voz baixa, tosse fraca, esgotamento por esforço e astenia;
    estagnação de Qi do fígado: irritabilidade, ansiedade persistente e preocupação, opressão toráxica, apetite fraco, dor e distenção na lateral das costas, borborismos, patologia genital externa, patologia músculo-tendinosa, dor hipocondríaca, alterações de visão, oligomenorreia e ciclo longo nas mulheres e dilatação abdominal.
  • estagnação de Qi do fígado: irritabilidade, ansiedade persistente e preocupação, opressão torácica, apetite fraco, dor e distensão lateral das costas, borborismos, patologia genital externa, patologia músculo-tendinosa, dor hipocondríaca, alterações de visão, oligomenorreia e ciclo longo nas mulheres e dilatação abdominal.

Como se diagnostica

Além dos sintomas anteriormente enunciados, o especialista de Medicina Tradicional Chinesa poderá ainda verificar:

  • em vazio de Qi do coração e baço pâncreas: cara pálida, língua pálida com capa fina e pulso fino;
  • em vazio de Qi do pulmão: cara pálida, língua pálida com capa fina e pulso fino;
  • em estagnação de Qi do fígado: língua arroxeada com varicosidades sublinguais e pulso tenso.

Formas de tratamento

Os tratamentos consistem na aplicação dos métodos tradicionais da medicina chinesa – Acupunctura, fitoterapia, massagem tuina, Qigong (Chi Kung) e dietética – de acordo com os seguintes princípios terapêuticos gerais:

  • para vazio de Qi do coração e baço pâncreas: tonificar o baço/pâncreas, tonificar o coração e acalmar a mente;
  • para vazio de Qi do pulmão: libertar a ansiedade e fortificar o Qi do pulmão;
  • para estagnação de Qi do fígado: harmonizar o fígado e equilibrar o Qi.

Formas de prevenção

  • Praticar exercícios de relaxamento com frequência para tentar contrariar o efeito negativo que as emoções em excesso têm sobre os órgãos.
  • Comer alimentos que tonifiquem o sangue e o baço-pâncreas estimulando a sua energia e consequentemente as suas funções energéticas.
  • Tentar ver a vida de uma perspectiva positiva e descontraída contrariando a evolução de emoções que se podem tornar patológicas.
  • Não conter a raiva que se acumula no dia-a-dia e praticar uma alimentação equilibrada (legumes, leguminosas, cereais, peixe) e adaptada às necessidades do organismo

Doenças comuns como diferenciar

  • Praticar exercícios de relaxamento com frequência para tentar contrariar o efeito negativo que as emoções em excesso têm sobre os órgãos;
  • comer alimentos que tonifiquem o sangue e o baço-pâncreas estimulando a sua energia e consequentemente as suas funções energéticas;
  • tentar ver a vida de uma perspectiva positiva e descontraída contrariando a evolução de emoções que se podem tornar patológicas;
  • não conter a raiva que se acumula no dia-a-dia e praticar uma alimentação equilibrada (legumes, leguminosas, cereais, peixe) e adaptada às necessidades do organismo.

Quando procurar aconselhamento especializado

Sempre que sintomas como os que atrás foram descritos, se façam sentir de modo acentuado ou repetido.

Pessoas mais predispostas

Pessoas com perturbações na energia do baço-pâncreas devido a alimentação inadequada ou excesso de preocupação por problemas no trabalho, financeiros ou familiares;

  • pessoas pessimistas por natureza que tendem a encarar a realidade sempre do pior ponto de vista possível;
  • pessoas que recentemente tenham passado por experiências traumáticas, como a perda de um ente querido.

Fontes

Auteroche, B. e Navailh, P., O diagnóstico na Medicina Chinesa, Andrei editora, 1992.

EnQin, Zhang e outros, Basic Theory of Traditional Chinese Medicine, Publishing House of Shanghai University of Traditional Chinese Medicine, 1990.

Maciocia, Giovanni, Os fundamentos da Medicina Chinesa, Roca, 1996

Ross, Jeremy, Zang Fu, France Médic, 1989.

Zhixian, Long e outros, Basic Theories of Traditional Chinese Medicine, Academy Press, 2000.

Autor

Cláudia Barradas e Nuno Lemos, ESMTC. Revisto por Deolinda Fernandes (Especialista de Medicina Tradicional Chinesa).