O Ser Humano contém em si, a imagem do Céu e da Terra
Vejamos como o Ser humano é colocado entre o Céu e a Terra. O Céu é o “em cima” e a Terra é o “em baixo” das criaturas que estão contidas no Yin e Yang.
O Ser humano nasce da Terra e o seu destino vem-lhe do Céu, segundo o “Huang Di Nei Jing Su Wen” – o Livro clássico do Imperador Amarelo. O Céu é Yang, a Terra é Yin e o Ser humano com os pés sobre a Terra e a face em direcção ao Céu, observa o jogo do Yin/Yang, da criação e da destruição sem fim.
O Ser humano é o terceiro pólo da trindade criadora, resultado da união de yin (óvulo) e yang (espermatozóide) que necessita do Céu (do ar, Yang) e da Terra (isto é, dos alimentos) para manter a vida que lhe é concebida pela duração de um ciclo Yin/Yang.
O Ser humano contém em si a imagem do Céu e da Terra. No “Huang Di Nei Jing Su Wen” podemos ler: “a combinação das emanações celeste e terrestre chama-se ser humano”.
No plano da sua formação, a Terra fornece o material necessário à construção do corpo humano. As “energias” ou “sopros do Céu” modificam a matéria para lhe dar o seu aspecto definitivo. Desta união nasce uma terceira força chamada shen (o “espírito”). É assim que os chineses descrevem o arquétipo humano. Reparamos, curiosamente, que este conceito não é distante daquele contido no Antigo Testamento, pelo qual o Homem é feito de argila modelada, à qual Deus transmite a vida através do seu sopro.
Este conceito de formação do arquétipo humano – do ser humano em potencial – desenvolve-se naquilo que os chineses chamam o “Céu anterior”.
Céu anterior e Céu posterior
“Céu anterior” e “Céu posterior” são um par dialéctico utilizado frequentemente nos textos filosóficos e médicos chineses.
O “Céu anterior” corresponde às energias pré-existentes que presidiram à concepção de um ser. Representa a força que continua a ser efectiva e actuante ao longo de toda a vida. As componentes hereditárias são exemplo disso.
O “Céu posterior”, por sua vez, aparece a partir do momento de concepção e continua a sua acção durante toda a existência do indivíduo. Por seu lado, a alimentação, pertence à esfera do “Céu posterior”, devido à energia que oferece ao ser humano.
Resumindo: consideram-se habitualmente as energias inatas como pertencentes ao “Céu anterior” e as energias adquiridas como pertencentes ao “Céu posterior”.
Prof. Guilherme Juvenal Branco (revisão equipa ESMTC, 2020)