Celebrar a Educação


“A Educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”

                Aristóteles

Uma frase de inspiração e coragem para os nossos alunos e todos os que apostam na Formação ao longo da vida.

O dia 24 Janeiro é o Dia Internacional da Educação, pilar fundamental de uma sociedade plena e em desenvolvimento. No dia 26 Janeiro celebra-se o Dia Mundial da Educação Ambiental. Assinalamos estas datas partilhando convosco alguns momentos de aulas e de formação na ESMTC. A ESMTC dedica-se desde 1992 à divulgação e à promoção da educação na área da Medicina Tradicional Chinesa, uma medicina pela Natureza. Conheçam os nossos cursos. Continuem connosco #estamosjuntos

 

Como cuidar do Pulmão


Como pode cuidar do Pulmão? No dia Mundial da Pneumonia e no contexto da pandemia por Covid-19, relembramos vários conselhos à luz da MTC para cuidar deste órgão tão importante, responsável pela respiração, oxigenação e dispersão do Qi e não só.

A pneumonia, infecção potencialmente grave do Pulmão, pode ser contagiosa, através de tosse ou espirros, colocando em risco de vida os doentes e todos os que possam estar em contacto com quem tem a doença. A pneumonia é uma das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos, apesar de ser evitável e tratável.

Sobre o Pulmão (Fei)

O Pulmão é um órgão sólido. Segundo a teoria Zang-Fu apresenta características Yin, pertencente ao Elemento Metal e associado ao Intestino Grosso. Segundo a MTC, o Pulmão:

  • Governa o Qi e a respiração
  • Faz a comunicação entre o organismo e o meio ambiente
  • Controla os canais e os vasos sanguíneos
  • Controla a dispersão e a descida do Qi
  • Regula a passagem das águas e dos fluidos corpóreos
  • Regula todas as atividades fisiológicas
  • Controla a pele, os pêlos e os espaços entre a pele e os músculos
  • Abre-se no nariz e manifesta-se na pele
  • Abriga a alma corpórea (Po)
  • Emocionalmente, o Pulmão abriga a tristeza

O papel do Pulmão é, assim, o de estabelecer um limite entre o mundo interior e o exterior. O ambiente interno deve ser protegido por um limite claro que defenda e defina a pessoa. Através deste limite, materiais vitais podem ser incorporados e excretam resíduos.

Meridiano ou Canal do Pulmão

Meridiano bilateral, com 11 pontos, pertencente ao Elemento Metal. Também denominado como Taiyin da Mão, pois o seu trajeto é pelo abraço e termina na mão, onde faz ligação com o Meridiano associado à víscera Intestino Grosso.

Imunidade e Eliminação

Assim, na MTC os Pulmões são mais do que o sistema respiratório – relacionam-se com o intestino grosso e desempenham um papel importante na inspiração e expiração, na necessidade de viver uma vida saudável. Ao nível físico, a fronteira com o mundo começa na pele – o maior órgão do corpo – o que nos ajuda a inspirar e expirar pelos poros. Sob a pele, a energia pulmonar ajuda a circulação sanguínea, o que consideramos a camada defensiva do corpo contra fatores patogénicos externos.

O órgão associado ao Pulmão é o Intestino Grosso e sua principal função é liberar e eliminar. Juntos, o Pulmão e o cólon estão relacionados à imunidade através da força da camada externa protectora da nossa pele. Geralmente, os agentes patogénicos externos entram mais facilmente pelos sistemas respiratório e digestivo, e o pulmão e o cólon são responsáveis ​​por manter a função desses sistemas. Segundo a Medicina Chinesa, a energia defensiva do corpo depende diretamente da força do pulmão e do cólon.

A energia pulmonar abundante é visível através de forte energia física. Há uma sensação de suavidade e plenitude no peito. No estado saudável do Pulmão, a imunidade é forte, a recuperação da doença é rápida e eficaz, a pele está hidratada e a tez é brilhante e fresca.

A postura corporal é outra expressão física do estado do Pulmão; portanto, uma postura forte mostra energia pulmonar saudável. Se a saúde do pulmão estiver fraca, ela apresentará baixa energia e um sistema imunológico deficiente. A respiração pode ser superficial e a pele pode parecer lesada porque a energia e a circulação sanguínea deverão ser fracas. Além disso, emoções na forma de tristeza são expressões da energia pulmonar.

Como nutrir o Pulmão com a Fitoterapia chinesa

RAIZ DE GINSENG – O Ginseng é considerado especialmente nutritivo para os pulmões, pele e estômago. Diz-se que o ginseng humedece e arrefece os pulmões, tornando-o particularmente útil para quem tem tosse seca. O ginseng americano é melhor do que o ginseng asiático para este fim, pois o ginseng americano é considerado um tónico Yin que é refrescante por natureza. O Ginseng asiático é um tónico Yang que tende a ser quente por natureza.

ASTRAGALO – O Astragalo é uma das ervas chinesas mais usadas para fortalecer e tonificar a energia e o sistema imunológico. Na Medicina Tradicional Chinesa, pensa-se que o astragalo desenvolva imunidade para nos proteger de agentes externos. O astragalo é mais útil para aqueles que frequentemente sofrem de resfriado ou gripe, têm dificuldade em respirar (como asma) e tendem a suar demais ou não o suficiente.

COGUMELO CORDYCEPS – Tradicionalmente, este cogumelo medicinal usa-se para fortalecer os pulmões fracos naqueles que exerciam alta energia respiratória, como atletas. Também é recomendado para aqueles que sofrem de fraqueza pulmonar crónica e para aqueles que tendem a tossir, têm pieira e falta de ar. Além disso, possui uma capacidade natural de resistir a uma ampla variedade de bactérias, fungos e vírus patogénicos.

SCHISANDRA – Schisandra ajuda a manter os pulmões húmidos. Isso é feito através da retenção de líquido pulmonar limpo. É melhor para pessoas com função respiratória fraca, como pessoas com asma e sibilo.

Como fortalecer o Pulmão através da Dietética

Alimentos que crescem em contacto direto com o ar –  folhas verdes , vegetais frescos, sementes e grãos germinados. Proteínas de legumes e carne branca, laticínios não processados ​​(de cabra e ovelha), alimentos picantes (como alimentos fermentados, nabos, rabanetes), alimentos cor branca (couve-flor, pastinaga, amêndoa, daikon, maçã, pêra, arroz, aveia, sementes de sésamo, cebola, alho e pimenta branca).

Como fortalecer o Pulmão através do Chi Kung

Vários são os exercícios que poderão tratar e trabalhar o Meridiano do Pulmão. Deixamos aqui 2 vídeos, um do Sistema dos 18 Movimentos que tem vários dos Movimentos indicados para o reforço e tonificação do Pulmão e o Ba Dua Jin, usado na China para tratamento e recuperação da Covid-19.

 

 

Hábitos de Vida 

Respirar bem – A melhor maneira de apoiar a saúde dos pulmões é respirar bastante ar fresco, desenvolvendo a respiração para expandir a capacidade física dos pulmões. Isso pode ser feito através de treino de respiração, respiração consciente, ou exercícios suaves, como nadar e caminhar. O alongamento também ajuda a expandir a energia pulmonar.

Banho de sol –  O banho de sol moderado (15 a 20 mins / dia) nutrirá a pele, sem sobre-exposição que pode ser prejudicial.

Respeitar-se – Emocionalmente, o respeito nutre o Pulmão.

Limpar o seu espaço – Tire um tempo para limpar ao seu redor. Limpe os cantos da sua casa. Limpar o ambiente literalmente proporciona uma sensação de ar fresco.

Escovar a pele a seco – Alimente a pele com uma escovagem a seco. Isso manterá a saúde da pele e apoiará o sistema imunológico.

Despir –  Ocasionalmente, ficar nu ajuda a pele a respirar e melhora a saúde dos pulmões

Fontes e imagens utilizadas: 

https://www.revistasaberesaude.com/como-cuidar-de-seus-pulmoes-de-acordo-com-a-medicina-chinesa

https://www.youtube.com/user/EscMedicinChinesa

https://acupuntura.wiki.br/zang-pulmao-fei

https://www.greenmebrasil.com

Equipa ESMTC, 2020

Chi Kung na Infância por Margarida Sá Domingues


Annual Report 2017/2018 Helping little people achieve their dreams (artigo consultado em 13/03/2019

Chi Kung na Infância por Margarida Sá Domingues

A Margarida Sá Domingues é formadora do Curso de Instrutores de Chi Kung Terapêutico da Escola de Medicina Tradicional Chinesa

Ser criança é viver em constante mudança! É ter uma mente e um corpo que crescem continuamente, expostos a muitos estímulos externos como o stress dos adultos, o excesso de estímulos electrónicos, aliado a menos tempo para brincar. Tudo isso propicia uma menor ligação da criança ao seu corpo físico, emocional e mental, o que leva a uma maior dificuldade em ter consciência de si própria e das suas emoções em relação ao mundo exterior.

WEHRY, Christina. Mindfullness based training improves anxiety in children (artigo consultado em 13/03/2019)

 

Nos últimos anos assistiu-se a um aumento da hiperatividade nas crianças e jovens, dificuldades de concentração, baixa do sistema imunitário, menor resistência física, menor flexibilidade e comportamentos conflituosos ou mesmo violentos. O Chi Kung contribui efectivamente para melhorar todos estes parâmetros.

No mundo actual existe uma pressão cada vez maior, são os rankings escolares, a necessidade de ter avaliações cada vez mais altas para alcançar um futuro melhor, o que determina uma grande competição em todas as áreas da vida. Urge capacitar as crianças com saberes relacionados com a gestão do stress, para poderem manter a paz interior e encontrar soluções para os mais diversos desafios que lhes vão surgindo na vida. É por tudo isto que a prática do Chi Kung é tão importante.

 Ao longo de nove anos de prática de Chi Kung com crianças entre os três e os dez anos de idade, na Escola Carolina Michaëlis (2007/2016), em Lisboa, verificou-se que o grupo ficou mais calmo e atento durante o dia, houve uma redução dos conflitos e as ausências por doença diminuíram. Professores e pais referiram que as crianças pareciam mais felizes e as crianças, por sua vez, participavam na aula com gosto não querendo faltar.

Inicialmente programou-se uma prática semanal de 30 minutos mas depressa se passou com sucesso para uma prática de 50 minutos. Para motivar as crianças é fundamental criar um ambiente propício, despertar a curiosidade e executar os exercícios recorrendo à imaginação. Humor e fantasia ajudam a fomentar um bom ambiente. Para uma prática plena é importante que a criança visualize e interiorize. A visualização promove a criatividade e na expressão corporal a criança evidencia as emoções, ideias e sentimentos acerca da prática. Deve haver sempre liberdade para a criança poder exprimir as suas emoções, fundamento da comunicação com o outro.

 

Aprender através da prática e deixar que a criança vá corrigindo naturalmente a sua postura/movimento, respeitando sempre o seu estádio de crescimento e desenvolvimento é essencial.

 

Mas é preciso incentivar a realização de novos exercícios ou desafios, e fomentar a determinação em não desistir. Com a prática as crianças vão sentido satisfação em ultrapassar as dificuldades que os exercícios de Chi Kung lhes colocam. Encorajar, não permitindo que sintam medo de errar, é fundamental pois as inibições constituem um obstáculo ao desenvolvimento das potencialidades da criança enquanto ser humano. Incentivar a criança a vencer desafios é uma preparação para a vida.

 

É importante realizar exercícios diferentes e, para dinamizar a prática, incluir alguns mais divertidos.

Para o desenvolvimento da criança é essencial que tome consciência das diferentes partes do seu corpo, e aqui a prática da auto-massagem é um excelente recurso. Há exercícios que podem ser realizados individualmente, a par ou em pequenos grupos. Recorrer a diferentes materiais e explorá-los livremente ou de uma forma mais estruturada. Por exemplo, bolas de ténis para a auto-massagem e posturas de árvore, balões para as posturas de árvore, bolas de sabão ou moinhos de vento para exercícios de respiração. Na execução dos movimentos com nomes de animais resulta falar nos atributos dos mesmos e nos relacionados com imagens da natureza, como o lago, o arco-íris, a sua referência ajuda a ampliar o movimento. É necessário adaptar alguns exercícios à idade e mostrar imagens para cativar. Por exemplo, imagens de anatomia ajudam as crianças a interessarem-se mais pelos exercícios, torna-as mais conscientes do movimento, do seu corpo e da sua energia. Em muitas ajudou a melhorar a postura, principalmente os ombros curvados para a frente que quase todas as crianças já apresentam, e a melhorar a respiração.

Na prática com crianças são de incluir exercícios de respiração, auto-massagem e hétero-massagem, alongamentos, os 18 movimentos do Tai Chi Chi Kung, concentração, meditação e relaxamento.

 

Na primavera o sistema do Yi Jin Jing é muito apreciado. A postura de árvore, decididamente, é o exercício que as crianças menos gostam mas, ultrapassando o aborrecimento inicial, conseguem realizar as posturas básicas. Para algumas crianças a posição de sentar atrás representa um desafio.

Foto de Michael Jastremski (2013-10-23 09:40:52) Group Hug [imagem digital]

Por norma as crianças não estão interessadas em grandes explicações, querem logo passar à prática e são rápidas a percepcionar e a executar o movimento mas não apreciam repetir muitas vezes, querem logo um novo exercício. Com o decorrer da prática, a energia do grupo fica mais harmoniosa e as crianças mais calmas e concentradas. A partir daí a sua capacidade de repetição do movimento aumenta. Por outro lado, também não estão muito interessadas em saber o que faz bem, as indicações terapêuticas, querem apenas saber histórias e divertir-se. Mas não são necessárias histórias muito elaboradas, as próprias crianças constroem a história se sentirem necessidade disso. No decorrer da prática, as questões começam a surgir espontaneamente, umas atrás das outras! As crianças são normalmente curiosas, naturais e muito expressivas e francas nas observações.

A ligação entre corpo, emoção e mente é uma constante que se promove na prática de Chi Kung.

 

Cada criança é diferente e absorve e processa a informação de forma diferente, quer seja através do olhar, da escuta, do movimento ou do toque. Ao recorrer a diferentes estímulos ajudamos a criança a desenvolver múltiplos aspectos emocionais, mentais, corporais e espirituais. Não há duas crianças que aprendam ao mesmo ritmo e da mesma maneira, cada uma tem o seu tempo mas a prática continuada permite um equilíbrio de todo o grupo.

6 Qigong Exercises for Cultivating Healing Energy (artigo consultado em 13/03/2019)

Concluiu-se, nestes anos de prática com crianças, que o Chi Kung promove o desenvolvimento psico-motor e bio-energético, o equilíbrio e a coordenação, beneficia a capacidade respiratória e estimula a concentração e a memória.

Observou-se uma melhoria na gestão das emoções e foi uma preciosa ajuda para a criança se integrar nos diferentes grupos e desenvolver a auto-consciência e a auto-estima. Foi muito relevante constatar que, noutros momentos da sua vida, as crianças foram capazes de utilizar com eficácia as técnicas de relaxamento que aprenderam. A prática de Chi Kung promove na criança o respeito e o amor-próprio, o desenvolvimento de movimentos harmoniosos, a percepção do seu corpo e energia, e a descoberta, nos exercícios respiratórios e na meditação, de um lugar de paz e calma interior.
* Autoria: Margarida Sá Domingues, traduzido por Paula Madeira, editado e revisto por Margarida Aires
Também disponível no Blog do Curso de Instrutores de Chi Kung
Para + infos, ver também os sites: www.chikung-terapeutico.com   www.healing-project.com
Outros artigos relacionados site ESMTC: A Criança e o Chi Kung   Aulas de Chi Kung para Crianças

Céu Anterior e Céu Posterior – O Céu, a Terra e o Ser Humano – Parte 2 (Prof. Juvenal Branco)


O Ser Humano contém em si, a imagem do Céu e da Terra

Vejamos como o Ser humano é colocado entre o Céu e a Terra. O Céu é o “em cima” e a Terra é o “em baixo” das criaturas que estão contidas no Yin e Yang.

O Ser humano nasce da Terra e o seu destino vem-lhe do Céu, segundo o “Huang Di Nei Jing Su Wen” – o Livro clássico do Imperador Amarelo. O Céu é Yang, a Terra é Yin e o Ser humano com os pés sobre a Terra e a face em direcção ao Céu, observa o jogo do Yin/Yang, da criação e da destruição sem fim.

O Ser humano é o terceiro pólo da trindade criadora, resultado da união de yin (óvulo) e yang (espermatozóide) que necessita do Céu (do ar, Yang) e da Terra (isto é, dos alimentos) para manter a vida que lhe é concebida pela duração de um ciclo Yin/Yang.

O Ser humano contém em si a imagem do Céu e da Terra. No “Huang Di Nei Jing Su Wen” podemos ler: “a combinação das emanações celeste e terrestre chama-se ser humano”.

No plano da sua formação, a Terra fornece o material necessário à construção do corpo humano. As “energias” ou “sopros do Céu” modificam a matéria para lhe dar o seu aspecto definitivo. Desta união nasce uma terceira força chamada shen (o “espírito”). É assim que os chineses descrevem o arquétipo humano. Reparamos, curiosamente, que este conceito não é distante daquele contido no Antigo Testamento, pelo qual o Homem é feito de argila modelada, à qual Deus transmite a vida através do seu sopro.

Este conceito de formação do arquétipo humano – do ser humano em potencial – desenvolve-se naquilo que os chineses chamam o “Céu anterior”.

Céu anterior e Céu posterior

“Céu anterior” e “Céu posterior” são um par dialéctico utilizado frequentemente nos textos filosóficos e médicos chineses.

O “Céu anterior” corresponde às energias pré-existentes que presidiram à concepção de um ser. Representa a força que continua a ser efectiva e actuante ao longo de toda a vida. As componentes hereditárias são exemplo disso.

O “Céu posterior”, por sua vez, aparece a partir do momento de concepção e continua a sua acção durante toda a existência do indivíduo. Por seu lado, a alimentação, pertence à esfera do “Céu posterior”, devido à energia que oferece ao ser humano.

Resumindo: consideram-se habitualmente as energias inatas como pertencentes ao “Céu anterior” e as energias adquiridas como pertencentes ao “Céu posterior”.

Prof. Guilherme Juvenal Branco (revisão equipa ESMTC, 2020)

 

Zong - caractere chinês

As origens do Chi – O Céu, a Terra e o Ser Humano – Parte 1 (Prof. Juvenal Branco)


Viver é ter Chi em todas as partes do corpo, morrer é perdê-lo. O Chi ou “energia vital” provém de 3 origens: dos progenitores, do alimento e do ar (oxigénio).

Excesso de Chi ou deficiência de Chi? Nenhuma destas condições nos servem. O excesso entope e a deficiência esvazia. E o que é o Chi ou “energia vital”? Para a Medicina Tradicional Chinesa designa-se por Qi (chi), para os japoneses ki, para os hindus prana, algo que diferencia a vida da morte, o que tem shen (alma, espírito) do que não tem.

    Qi – caractere chinês

O conceito de Chi harmonioso engloba todos os contrastes e, este equilíbrio interno, completado pelo equilíbrio com o meio externo, gera a vitalidade positiva, que protege o corpo dos factores negativos ou adversos. As doenças resultam do conflito entre o Chi e esses factores.

As 3 origens do Chi

A primeira origem está nos progenitores, no momento da concepção. Vai sendo gasta ao longo da vida e não se renova, a segunda vem dos alimentos que comemos e a terceira do ar que respiramos.

No Ocidente, o Chi pode soar como algo abstracto mas, na prática da Medicina Tradicional Chinesa, ele é uma realidade física, que pode ser manipulada por um mestre e por quem se dedique à prática do Chi Kung.

Basta ao Especialista de MTC sentir o pulso do paciente para saber se os meridianos estão em plenitude (cheios) ou em deficiência (vazios). E o que isso significa. Assim, uma gravidez de duas semanas pode ser diagnosticada através da tomada do pulso.

A suprema arte da manipulação do Chi, ou da energia vital, chama-se Chi Kung (qigong). Pode ser aprendida e exercida por todos. Quando é desenvolvida ao longo de anos e praticada continuamente, geralmente por mestres, estes conseguem tornar os seus corpos resistentes como o aço e emitir vibrações que lhes permitem partir blocos de pedra. Quando utilizam essa arte na medicina, actuam sobre o sistema energético do paciente, abrindo novos campos para o tratamento e cura.

Quem não é mestre de Chi Kung nem Especialista de MTC também pode perceber as variações do fluxo energético. Como? Através das suas manifestações mais evidentes: os sintomas.

Um jardineiro percebe que uma planta está doente e relaciona esse facto com as condições de sol, sombra, água, terra ou vento. Uma pessoa sensível (sem necessitar de qualquer tipo de habilitação académica) poderá, a partir da sabedoria chinesa, descobrir os seus pontos vulneráveis e observar a sua própria natureza.

Prof. Guilherme Juvenal Branco (revisão equipa ESMTC, 2020)

 

 

Medicina Tradicional Chinesa e Chi Kung – ser vivo e ser humano – Chi, meridianos e campo de Chi por Nuno Melo e Sousa


Medicina Tradicional Chinesa e Chi Kung – ser vivo e ser humano

Chi, meridianos e campo de Chi

Nuno Melo e Sousa é Especialista de Medicina Tradicional Chinesa, instrutor de Chi Kung e autor de um dos Manuais de Chi Kung do Curso de MTC da Escola de Medicina Tradicional Chinesa

 

A filosofia chinesa antiga e, a partir dela, a Medicina Tradicional Chinesa e o Chi Kung, na perspectiva que expõem do Universo e da Vida, apresentam um Ser Humano que, a par das suas estruturas físicas, está recheado de estruturas internas energéticas, invisíveis aos nossos olhos, com canais de energia (ou meridianos) que – à semelhança dos sistemas circulatório e nervoso – percorrem do centro do corpo até às suas extremidades e destas extremidades de volta para o centro, com redes e ramificações que envolvem e irrigam todos os órgãos internos, alcançando e nutrindo de energia todas as mais ínfimas regiões do corpo, chegando mesmo a descrever bolsas ou lagos de energia em locais onde não existe nenhuma estrutura física que lhes seja análoga.

 

O Chi Kung “é a arte da aplicação e desenvolvimento da energia do Ser Humano, capaz de levá-lo a promover os seus diferentes aspectos, como sejam a sua saúde e vitalidade, a sua resistência e resiliência física, a sua estabilidade psíquica e emocional, o seu potencial criativo, as suas capacidades de concentração e percepção, as suas capacidades motoras e de percepção e deslocação no espaço e até mesmo as suas capacidades empáticas e relacionais”.

Nuno Melo e Sousa in Manual de Apoio ao Estudo do Chi Kung

 

O Chi Kung apresenta ainda o Ser Humano como estando dotado de um campo de energia que se estende e irradia para lá da sua pele, vendo que não só os Seres Humanos mas também todos os animais, plantas e restantes seres vivos, e ainda os minerais e objectos inanimados, os lugares, os vales e montanhas, os cursos de água, toda a Terra e, mais ainda, o Céu e cada um dos seus corpos celestes – em suma toda a existência – são campos de energia, são energia; energia que é base comum de todas as coisas, mas que se torna característica, específica e única em cada ser, coisa ou situação; energia que, por natureza, é constante e automaticamente irradiada e compartilhada com tudo o que rodeia qualquer um desses seres, coisas ou situações.

Esta última característica desta ‘energia’ torna-se particularmente pertinente para o Chi Kung. Ora, porque a realidade energética de todo o Universo ou de qualquer Sua parte é automática e constantemente compartilhada e irradiada de ser para ser, de coisa para ser e de ser para coisa – ou seja, uma vez que, por natureza, há sempre contacto, permuta e transferência energética entre todas as coisas e todos os seres, uma vez que, através da energia, não existe qualquer descontinuidade de contacto entre qualquer ser, coisa ou situação e todos os outros seres, coisas ou situações – o Ser Humano pode consciente e construtivamente usufruir dos aspectos energéticos de todo o Universo para o seu equilíbrio e crescimento, bem como, por sua vez, construtiva e conscientemente emitir e compartilhar essa informação energética de equilíbrio e crescimento.

“Chi” foi a expressão escolhida pelos chineses para designar genericamente todas as realidades energéticas da Natureza, quer se estivesse a referir a um astro, a um lugar ou a um ser vivo. Assim surgem as expressões Chi do Sol, Chi da Lua, Chi da Terra, Chi Humano, Chi do mar… querendo significar a acção, o movimento ou a energia inerente, gerada e emitida, por essas expressões do Universo.

Note-se que, ao utilizarem uma mesma palavra para os diferentes casos, os chineses antigos pretendiam indicar que, ainda que houvessem diferenças particulares para cada caso, na sua essência, no seu nível mais simples, a energia ou Chi de cada um destes seres ou coisas era, uma só e a mesma coisa.i

A Oriente

Os chineses já conhecem e interpretam a realidade energética da Natureza há milhares de anos. Mas mais que conhecê-la, têm até aos dias de hoje feito uso desta realidade em diversas disciplinas, como sejam a filosofia, a astrologia e a geomanciaii; chegaram inclusivamente a incorporá-la nalgumas outras áreas mais pragmáticas da vida, tais como a arquitectura, a dietética, as artes marciais e até mesmo a medicina.

Esta situação aconteceu devido ao método chinês de investigação científica da medicina tradicional chinesa e Chi Kung, um método fenomenológico e circular: para um médico chinês, o mais importante era saber se, ao manipular ou afectar certas áreas do corpo desta ou daquela maneira – fosse através de acupunctura, massagem, dietética, substâncias medicinais ou exercícios – ele conseguiria obter ou não um determinado efeito curativo e/ou uma redução de sintomas.

Para estes profissionais de saúde de Medicina Tradicional Chinesa, a causa ou mecanismo, molecular ou outro, por detrás destes fenómenos era menos importante do que a redução dos sintomas em si.1 Se o fenómeno acontece, posso já utilizá-lo, mesmo que não compreenda porque ou como acontece.

A Ocidente

Este paradigma de pensamento, que foi o que permitiu aos filósofos, cientistas e médicos chineses aceitar, compreender e utilizar o campo de energia do Ser Humano para cuidar e promover a sua saúde, está em contraposição directa com o pensamento científico ocidental dos últimos séculos. Este está centrado a priori nas relações de causa e efeito: só aceita como verdadeiramente real as coisas para as quais se consegue explicar uma causa dentro dos parâmetros científicos. Enquanto não se consiga essa explicação, estamos no campo da fantasia, não se chegando a aceitar fazer algo de útil com um fenómeno que não se percebe.

“A noção da realidade energética do corpo humano é estranha ao pensamento Ocidental, com o seu foco tradicionalmente fixo no fisicamente tangível.”2

Na base deste pensamento esta a noção de que “qualquer tópico ou conceito que não possa ser objectivamente medido ou experimentado é considerado como sendo inadequado para o estudo científico. Sendo, assim, relegado como assunto da filosofia ou religião. Não se está a querer dizer que tal conceito [por mais etéreo que seja] não existe, apenas que está fora do rigoroso escrutínio científico.”1

Contudo, saiba-se que, mesmo dentro deste rigoroso escrutínio, as ciências contemporâneas já reconhecem (ainda que, nalguns casos, relutantemente) a existência de dimensões energéticas e intangíveis dentro e fora do corpo dos seres vivos. “Em poucas décadas, os cientistas passaram da convicção de que não existem quaisquer campos de energia em redor dos seres humanos para a certeza absoluta de que eles existem.”3

Estes campos de energia, pelas características que exibem, são hoje chamados de bioelectromagnetismo, isto é, são o electromagnetismo que é inerente aos seres vivos.1

Concretamente, o campo de energia exterior aos seres vivos é chamado de campo biomagnético, pois a electricidade necessita de um condutor, um suporte material. O que só acontece dentro do corpo. Enquanto que o magnetismo ocorre dentro e fora do corpo, a par dos fenómenos eléctricos que ocorrem no interior do corpo.

Notas:

i Outras culturas para além da chinesa consideraram e estudaram o Chi. Os indianos diziam prana, os japoneses ki, os gregos pneuma…

ii Conhecida na China por Feng Shui

 

Autor: Nuno Melo e Sousa, 2006, Manual de Apoio ao Estudo do Chi Kung da ESMTC, Secção V – Conceitos, Ideias, Imagens em Acção, pp. 56, 57 e 58. Trabalho apresentado para monografia de fim de curso de MTC da Escola de Medicina Tradicional Chinesa.

 

Bibliografia

1 Waechter, 2002, Chi and Bioelectromagnetic Energy, A Minor Area Paper Submitted to the Faculty of Graduate Studies In partial fulfilment of The Doctorate of Philosophy Degree, York University, pp. 6, 7, 16.

2 Johnson, 2000, Chinese Medical Chigong Therapy, pp. 6, 25, 26, 53, 89 90, 105, 106, 107, 117, 231, 259, 273.

3 Oschman, 1996, What is Healing Energy, in Journal of Bodywork and Movement Therapies, October 1996, pg. 1.

Vídeo “Aluno por um Dia 2019”


O evento “Aluno Por Um Dia” da ESMTC realizou-se no dia 12 de Setembro 2019. Um dia especial para descobrir como é ser aluno de Medicina Tradicional Chinesa na nossa Escola. Aqui podes ver um pouco:

Os participantes puderam experimentar e ver como funciona o nosso método de ensino, único em Portugal, e demos a conhecer as 5 áreas principais da Medicina Tradicional Chinesa: Acupunctura, Massagem Tui Na, Chi Kung, Fitoterapia e Dietética.

Com esta experiência, os participantes descobriram o porquê dos nossos alunos figurarem como os melhores profissionais de MTC.

Junta-te a nós!

#ApoioAMedicinaChinesa


Muitas e diversas opiniões existem sobre a eficácia, a segurança e a confiança a depositar na Medicina Tradicional Chinesa. Oiça quem colocou a sua saúde nas mãos de um especialista de Medicina Tradicional Chinesa. Oiça os testemunhos reais de quem recorreu, conhece e, por isso, recomenda e confia.

A ESMTC lança o repto para que mais vozes se juntem às nossas.

Veja o teaser e o vídeo integral de um filme produzido por quem ama a Medicina Tradicional Chinesa com a participação de quem recorreu a ela e isso fez toda a diferença na(s) sua(s) vida(s).

Teaser (1min)

 

Vídeo Integral (7min)

 

“Nós apoiamos a Medicina Tradicional Chinesa”

Participação e Testemunhos de Ana Tang, Leonor Santos, Luís Pinto, Maria Teixeira e Rui Rebelo
Coordenação, Produção e Edição_Marina Nobre
Difusão e Assistência de Produção_Carina Lourenço
Direcção e edição_Jorge Castro Freire
Assistente de direcção e Segunda Câmera_Amanda Boussard
Música_”Kutch Nahi” Terrakota
Texto informativo_José Faro
Foto_Jing Fang Classics

Iniciativa: ESMTC – Escola de Medicina Tradicional Chinesa, 2019

 

Quem juntar a sua voz às nossas vozes? Esteja atento.

Em breve + detalhes sobre esta campanha #ApoioAMedicinaChinesa

Ricardo Carriço apoia a Medicina Tradicional Chinesa


Estivemos à conversa sobre Acupunctura e Medicina Tradicional Chinesa com o actor Ricardo Carriço. Convidámo-lo a partilhar connosco o seu interesse e também a sua experiência como paciente e acompanhante de um familiar nos tratamentos no Centro Clínico da ESMTC.
A entrevista na íntegra será publicada em breve nas redes, estejam atentos, deixamos aqui dois excertos com algumas frases em destaque da entrevista:
Em breve disponível a entrevista vídeo na íntegra
“Já recorri à Acupunctura e tenho contacto há muitos anos. A MTC trata das patologias a partir da origem e não são do seu efeito. 
Com as consultas de MTC, vi uma senhora de 80 anos a sair da consulta a sentir-se mimada, aconchegada e acompanhada. Vi melhorias muito simples na pele, no olhar, melhorias muito importantes. 
Acho que a MTC trata de dentro para fora.
Se todas as medicinas trocassem informação já tínhamos chegado a estados mais avançados. Em Portugal primeiro nega-se tudo e só depois de alguém andar a bater e insistir é que se autoriza. A ver se mudamos esta consciência, e a aceitar algo que pode funcionar como um aliado e não como um inimigo.”
Simpaticamente acolhidos na sua casa, no meio da sua agenda intensa de gravações e compromissos inerentes à sua actividade profissional, surpreendemo-nos com vários quadros da sua autoria que remetem
fortemente para a arte da cura, para o Tai Chi, para o Chi Kung e para a importância do corpo e da atenção a ele. O quadro com as mãos entrelaçadas como um pássaro chama-se “Liberdade” e o outro intitula-se “Essência” e é possível fazer-se um paralelismo com a manipulação de uma bola de energia nas mãos tal como nas visualizações da Prática de Tai Chi Chi Kung.
Obrigada, Ricardo, pelo testemunho inspirador e pelo caloroso acolhimento!

A equipa da ESMTC com Ricardo Carriço

A Prescrição de Chi Kung – Prof. Deolinda entrevista Dr.a LiLing | ESMTC NA CHINA Primavera 2018


A palestra do Prof. Faro durante a 3ª Conferência Internacional do Comité de Medicina Preventiva em MTC da WFCMS – World Federation of Chinese Medicine Societies, Comité em que o Professor é vice-presidente e co-fundador, desencadeou contactos e interesse, uma das pessoas foi a Dr.a LiLing, docente na Universidade de MTC de Guangxi.

Propusemos-lhe uma entrevista para dar a conhecer a sua experiência com a Medicina Preventiva em MTC e também para percebermos um pouco da realidade chinesa sobre a Prescrição de Chi Kung em contexto hospitalar. Nesse Hospital que está associado à Universidade onde lecciona, a Dr.a Liling integra o Departamento de Medicina Preventiva.